Fabiano Costa

Bonsai

Como ter uma boa ramificação em bonsai

Este é um assunto no qual poderia nos render um livro inteiro, na minha opinião é a grande diferença entre um bom e um não tão bom trabalho no bonsai, onde se investe um tempo maior na preparação de galhos e patamares, o início de um refinamento.

“Se as raízes são a base e o tronco é o corpo da construção, os ramos definir a silhueta ou a forma da árvore. A disposição dos ramos, ou EDA-Buri, determina a beleza e a qualidade de um bonsai …., Os ramos são como a roupa de um homem. “

J. Yoshio Naka

Para este fim usamos aramação, podas, pinçagem e desfolha.

Em botânica dois tipos de ramificação são mencionados, de acordo com a natureza de cada espécie. Dependendo da dominância apical, podemos falar de ramificação monopodial e ramificação simpodial.

Ramificação simpodial:

Crescimento que começa a partir de gemas mais velhas. É um padrão de crescimento horizontal. Os ramos laterais se desenvolvem mais do que o líder principal. Isso pode incluir de parar o crescimento do líder principal, se o broto apical entra em estado dormente ou se transforma em uma flor, então as gemas axilares continuam crescendo.

Na natureza, é a ramificação típica da maioria das árvores e, especialmente, daquelas com folhas decíduas, forma da copa é ampla e arredondada.

Algumas floríferas em bonsai:

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Ramificação monopodial:

É típico de coníferas. Seu crescimento é vertical, produzindo formas que são piramidal, triangular ou cônica. O líder primário cresce mais fortemente do que os líderes laterais. Apresenta um líder primário (ou monopodium ) que cresce indefinidamente.

Em bonsai, é um estilo de ramificação muito frequentemente aplicado nas escolas tradicionais japonesas, tanto para coníferas e não coníferas. Tem muitos profissionais e muitos detratores.

Conífera na natureza

"Japanese black pine"

“Japanese black pine”

Ácer estilizado com triangulação acentuada, se assemelhando à coníferas.

Bem, o que se pretende mostrar aqui é que nenhuma arte pode ser “engessada”, que existem vários conceitos de criação de um bonsai, existem bonsaístas que estilizam suas árvores todas da mesma maneira e outros que desenvolvem cada um conforme suas ramificações se assemelhando à sua natureza, simpodial ou monopodial.

O importante é que no bonsai não deve haver regras fixas. A beleza está na interpretação e do trabalho do artista, e não na técnica que é seguida.

PAR OU ÍMPAR??

Outro conceito botânico básico que devemos entender nas ramificações de nossas árvores, é conhecer bem a espécie. Não vamos entrar em detalhes por espécie, mas sim discutir conceitos universais. Quando é hora de trabalhar em uma árvore de folhas largas (não conífera) é muito útil para saber se a sua brotação é “par” ou “impar.” Ou seja, se os seus gomos brotam frente um do outro ou alternadamente.

Folhas alternadas Ulmeiro

Folhas alternadas Ulmeiro

Folhas bipinadas pitecolobium - em pares

Folhas bipinadas pitecolobium – em pares

 Fazendo uma estrutura através de poda, pinçagem ou desfolha.

O trabalho para a construção de uma boa estrutura usando a técnica “corta e deixa crescer” o famoso e internacional “Clip and grow” é uma técnica mais lenta porém nos deixa com um trabalho mais primoroso em questão do quesito conicidade, tanto de tronco como de galhos, tornando sua ramificação bem mais natural e de resultado espetacular.

Esse é um ponto muito visto em cursos aqui na Escola Confraria Floripa Bonsai, onde o trabalho com excelência em detalhes é batido desde o início, ensinamentos que vieram do Mestre Rock Júnior.

A paciência como sempre é fundamental, ramos muito longos e finos não são atraentes esteticamente.

Vamos dar alguns exemplos a seguir:

BROTAÇÃO EM PARES

Deixamos o ramo alongar até atingir a espessura desejada.

Deixamos o ramo alongar até atingir a espessura desejada.

Geralmente cortamos no segundo par de folhas.

Geralmente cortamos no segundo par de folhas.

Cada botão produz um novo galho, eliminamos o broto superior e os botões que ficam por trás dele, e novamente permitir que o ramo cresça até atingir novamente a espessura desejada.

Segunda fase da poda

Segunda fase da poda

Podamos de novo no 2º par de folhas - novo ramo podado

Podamos de novo no 2º par de folhas – novo ramo podado

Agora optamos pelo galho superior e podamos no primeiro par de folhas. Nós removemos o rebento mais baixo, assim desenvolvemos um certo movimento no ramo.

Poda para dar conicidade e sensação de movimento no galho

Poda para dar conicidade e sensação de movimento no galho

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Pinçamos os dois raminhos e removemos o resto das folhas em direção ao tronco. Neste diagrama, estamos simplificando as coisas, tanto quanto possível. O que normalmente acontece é que os outros brotos mal posicionados aparecem durante o processo, devemos eliminá-los continuamente conforme eles aparecem, até que fiquemos com essa estrutura.

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Onde antes havia um broto, agora temos novos galhos. Temos de continuar a remover os mal posicionados e refinar a estrutura. Compacidade continuará a desenvolver com mais poda, desbaste e desfolha. Acima de tudo, paciência, poda correta, e bom uso da tesoura são as chaves para o sucesso.

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BROTAÇÃO EM ÍMPARES

 O processo de engrossamento do galho é o mesmo, deixa crescer até atingir o desejado, a diferença é que o padrão de surgimento de folhagem é alternado.
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Devemos podar a nível do broto que fique virado para baixo, caso contrário, um broto emergirá que vai ser muito vertical com muita força, creio que possamos deixar alguns em áreas como do ápice, com intenção de regular energia.
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 Nós seguimos o mesmo processo explicado acima, com as fases de crescimento, poda, seleção e desfolha.

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 Recém podadas após certo crescimento, e assim se segue com bom senso também em relação ao tronco, os galhos mais baixos deverão ser mais grossos que os mais acima, afinando até o ápice, isso dará um ar mais natural de conicidade da planta, seguindo a idéia que quanto mais velho mais grosso.
Traduzido, adaptado e interpretado :
Fabiano Costa
Fonte:
OfBonsai magazine
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